
O OFL, numa das suas valências, realiza ateliers com educadoras onde se permite uma troca de afectos e vivências, um mergulho na literatura dita para a infância, transformando-o num momento de riqueza projectiva, de copensamento, de novas perspectivas, de movimentos dinâmicos que fazem pensar e reflectir no âmbito pessoal e profissional.
Hoje explorámos o conto do médico e psicólogo argentino Jorge Bucay "O Elefante acorrentado". Eis um conto que remete para o poder da infância, para a estrutura da personalidade do ser humano, a infância enquanto pilar do processo de escolhas, de ligações, de correntes castradoras, que deixam subliminarmente a ideia de frustração e insucesso. O movimento de esperança cria-se naquilo que nos segredam as pessoas significativas, as que acreditam, aquelas que permitem a mudança, que asseguram um caminho com suporte e pensamento. Nesta sessão foram exploradas diversas temáticas bastante ricas das quais não pretendo fazer um resumo tornando o pensamento fluido de 60 minutos numa frase que se lê em 30 segundos. Deixo sim uma analogia feita por uma das educadoras; um poema de José Fanha partilhado com o grupo, um poema recitado apenas com as ligações internas que fez com ele, sem papel, sem livro, apenas com afecto.
Nós nascemos para ter asas meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas como se fossemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas de novo voltam a ser.
Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.
José Fanha, 1985, Cartas de Marear
Hoje explorámos o conto do médico e psicólogo argentino Jorge Bucay "O Elefante acorrentado". Eis um conto que remete para o poder da infância, para a estrutura da personalidade do ser humano, a infância enquanto pilar do processo de escolhas, de ligações, de correntes castradoras, que deixam subliminarmente a ideia de frustração e insucesso. O movimento de esperança cria-se naquilo que nos segredam as pessoas significativas, as que acreditam, aquelas que permitem a mudança, que asseguram um caminho com suporte e pensamento. Nesta sessão foram exploradas diversas temáticas bastante ricas das quais não pretendo fazer um resumo tornando o pensamento fluido de 60 minutos numa frase que se lê em 30 segundos. Deixo sim uma analogia feita por uma das educadoras; um poema de José Fanha partilhado com o grupo, um poema recitado apenas com as ligações internas que fez com ele, sem papel, sem livro, apenas com afecto.
Nós nascemos para ter asas meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas como se fossemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas de novo voltam a ser.
Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.
Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.
José Fanha, 1985, Cartas de Marear