É muito interessante o poder de três cores (azul, vermelho e amarelo) no livro da Rainha das Cores de Jutta Bauer. Torna-se inquestionávelmente rica a dança do conteúdo narrativo com o simbologia emocional das cores e das emoções. Ser-se rainha das cores é um abuso de poder, é assumir um cargo de risco pois se as cores se soltam de uma forma descontrolada a coisa fica cinzenta... Senti-me tentada a fazer a ponte com António Damásio* e com os três tipos de emoções que fala: as de fundo, que são mais vagas, como o entusiasmo ou o desencorajamento, as primárias, que são mais pontuais, como a tristeza, o medo, a raiva ou a alegria, e as sociais, que são um resultado sócio-cultural, como a compaixão, a vergonha ou o orgulho. Surgiu-me entretanto uma questão: E se juntássemos o António Damásio e a Rainha das Cores? Certamente haveria muito para pensar e descobrir.
*Médico neurologista e investigador português, promoveu a criação de uma importante unidade de investigação para o conhecimento da actividade cerebral e suas relações com a memória, linguagem, emoções e os mecanismos de decisão. Trata-se de um dos principais laboratórios de neurociências cognitivas - relação cérebro-mente - do mundo científico.
Livro: Bauer J. (2002) "A rainha das cores". Cobra Laranja